Susan Sontag – Olhando o sofrimento dos outros


“As imagens, qualquer que seja a sua natureza, são elementos importantíssimos para o acompanhamento do processo histórico, assim como para a construção do discurso histórico.
No caso particular das guerras havidas, pinturas, fotografias, imagens televisivas ou fitas resultantes de vídeos amadores, têm sido contributos relevantes para o seu conhecimento, análise, interpretação e reflexão.
Mas em torno destas mesmas imagens, sobretudo as televisivas, algumas questões se podem levantar, nomeadamente no que concerne à banalização do sofrimento. À banalização do sofrimento dos outros, que poderá rapidamente transformar-se na banalização do nosso próprio sofrimento.
Nos nossos dias, as imagens de atrocidades, vistas nos pequenos ecrãs da televisão e do computador, tornaram-se uma espécie de lugar-comum. Mas será que os espectadores são incitados – ou se acostumam – à violência através da representação da crueldade? Será que a percepção que temos da realidade sofre alguma erosão com o bombardeamento diário dessas imagens chocantes?
Os termos deste debate eram definidos há vinte e cinco anos num livro de Susan Sontag, Ensaios sobre Fotografia, hoje considerado um clássico. Este novo livro é uma profunda reflexão sobre a intersecção entre «informação», «notícias», arte e política na representação moderna da guerra e da catástrofe.
Em Olhando o Sofrimento dos Outros, Susan Sontag faz uma nova avaliação dos argumentos que defendem que as imagens podem provocar dissenções, incitar
à violência ou criar apatia, evocando para tal uma longa história de representação do sofrimento dos outros – desde «Os Desastres da Guerra», de Goya, até aos documentos fotográficos da Guerra Civil americana, dos linchamentos de negros nos estados americanos do Sul, da Primeira Guerra Mundial, da Guerra Civil espanhola, dos campos de morte nazis e das imagens contemporâneas da Bósnia, Serra Leoa, Ruanda, Israel e Palestina, bem como do 11 de Setembro de 2001 em Nova Iorque.
Uma obra essencial que irá mudar não só a maneira como vemos a utilização e o significado das imagens, mas também a natureza da guerra, os limites da compaixão e os imperativos da consciência.
Este livro apesar de não estar associado ao veganismo, mostra-nos como hoje em dia somos indiferentes às imagens que vemos todos os dias, de guerra, morte, dor e sofrimento.

Colecção: Cavalo de Tróia
Editor: Difel
Ano de edição: 2003

fontes: http://historiaeciencia.weblog.com.pt/arquivo/025824.html

2 comments

  1. Olá, boa noite!
    Estou fazendo um trabalho da faculdade com proximidade ao tema da banalização do sofrimento humano nas redes sociais.
    Com isso, estou fazendo uma pesquisa de campo e entrevistas com as pessoas que se expõem em relação a esse tema.
    Poderia trocar um contato com vc?

    Aguardo.
    Bjs

    Responder
    1. Olá Danielly, pode enviar uma e-mail para [email protected] 🙂

      Responder

Escreva uma resposta ou comentário