Exposições Etnológicas

No final do século XIX , existiam os chamados zoológicos humanos, também conhecidos por exposições etnológicas ou aldeias negras. Estas “exposições”, nas quais indivíduos exóticos partilhavam as jaulas com animais selvagens, continuam a ser tabu para muitos países que exaltam a igualdade entre os humanos.
Os indivíduos eram mostrados através das jaulas ou em recintos delimitados para um público alvo. Um exemplo de descrição da espécie que estava patente numa exposição etnológica era: “Canibais australianos, machos e fêmeas. A única colónia desta raça selvagem, estranha, desfigurada e a mais brutal nunca antes capturada das regiões selvagens em todos os tempos. A ordem mais baixa da humanidade.”
Nos Jardins zoológicos humanos era comum a apresentação de espectáculos estruturados a partir de uma representação de “selvajaria”, onde os prisioneiros era obrigados a usar trajes , fazer performances de danças frenéticas, simular combates sanguinários ou ritos canibalescos, publicitando sempre a crueldade e barbárie das tribos.
Ao longo dos anos em que foram feitas as exposições etnográficas o público sempre reagiu de forma pacata, poucos foram os jornalistas, políticos e cientistas que se deixaram comover perante as condições sanitárias ou abrigo a que os indígenas eram expostos, nem mesmo os inúmeros casos de morte ocorridos.
Os visitantes das exposições atiravam alimentos ou quinquilharia aos grupos expostos, faziam troça das suas fisionomias e mesmo a visão de um africano doente era motivo de troça. “Evidentemente, os zoos humanos nada revelam sobre as “populações exóticas”. Por outro lado, constituem um instrumento extraordinário de análise das mentalidades do final do século XIX até os anos trinta. Na verdade, zoos, exposições e jardins tinham o objectivo básico de mostrar o raro, o curioso, o estranho, todas as expressões do não habitual e do diferente, por oposição a uma construção racional do mundo, elaborada segundo padrões europeus.” (Anne McClintock, Imperial Leather. Race, Gender and Sexuality in the Colonial Contest, ed. Routledge, Londres, 1994.)
Os zoológicos humanos fizeram parte de um fenómeno cultural, que pretendia compreender a relação constituída com o outro.

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